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Depressão e dor crônica

Depressão é um transtorno desencadeado pelo desequilíbrio de neurotransmissores, tendo sido reconhecida a importância da Dopamina, da Serotonina e da Noradrenalina, aminas biológicas, como associadas ao desencadeamento do problema. Muito frequentemente, vem associada a Ansiedade, e afeta pessoas de todas as idades em todos os países.

A dor crônica, depressão e ansiedade compartilham os mesmos mecanismos fisiopatológicos e são mutuamente influenciáveis. A presença de uma aumenta o risco e agrava a outra. A dor pode desencadear depressão e ansiedade, assim como estas condições podem agravar a dor.

A dor crônica é um problema de saúde de alta prevalência que afeta a saúde, o trabalho e o sono, causando prejuízo da qualidade de vida e aumento das taxas de mortalidade.

Quais tipos de medicação são indicadas para dor crônica?

Indica-se o uso de antidepressivos para o tratamento da dor, depressão e ansiedade por atuarem nas aminas biogênicas, melhorando os sintomas. Há cerca de 50 anos não se conhecia o modo de ação dos medicamentos antidepressivos. Sabia-se que funcionavam, porem não se sabia como atuavam. Uma classe de antidepressivos em particular, os IMAO (Inibidores de Monoamino Oxidase) foi acidentalmente descoberta. Os pacientes que apresentavam tuberculose e que recebiam Iproniazida, apresentavam excelente humor, incompatível com a gravidade das lesões tuberculosas que eram portadores. Existem cerca de 55 tipos de antidepressivos atualmente, porem nem todos tem ação sobre a dor. desde a classe dos  tricíclicos (mais antigos) como a Amitriptilina e Nortriptilina , ainda hoje utilizados, até os mais modernos, como a Duloxetina e a Desvenlafaxina, que podem ser associados a Pregabalina para tratamento de dor crônica.A duloxetina foi Aprovada pelo FDA para o tratamento de diferentes casos de algias, como neuropatia diabética, osteoartrite e dor lombar cronica.

No tratamento de quadros depressivos associados a dor, a duração do tratamento costuma ser maior, pois os quadros dolorosos sinalizam maior gravidade dos sintomas.

O tratamento de dor crônica deve ser feito apenas com remédios?

O tratamento da depressão associado a dor crônica deve incluir outras abordagens, como psicoeducação, exercício físico e psicoterapia cognitivo- comportamental.

O tratamento deve contar com a assistência de especialista em psiquiatria que conhece com profundidade o manejo dos medicamentos envolvidos no tratamento, bem como possíveis eventos adversos decorrentes do uso dos produtos indicados.

A utilização de antidepressivos no controle da dor envolve certas dificuldades. A primeira delas é o preconceito contra o uso de tal classe de produtos. Aliás, está sendo preparada uma mudança na denominação dos medicamentos psiquiátricos para evitar o estigma, denominando-se a medicação pelo “local de atuação”. O uso de antipsicóticos por exemplo passa a ser “bloqueador de receptores D2 e D4”.  Isso pois, tal classe de medicamentos não está envolvida somente no controle de sintomas psicóticos, mas também tem ação estabilizadora do humor, controle da ansiedade, da ideação suicida, etc.

Quais principais efeitos colaterais dos antidepressivos?

Os antidepressivos, particularmente os mais antigos, apresentavam uma serie de efeitos indesejáveis, que dificultavam sua utilização, como: aumento de peso, tremores, prisão de ventre ou diarreias, náuseas, sonolência e secura de boca, que vem sendo minimizados nos produtos mais recentes desenvolvidos pela indústria farmacêutica.

Por quanto tempo devo tomar as medicações para depressão e dor crônica?

Uma pergunta bastante frequente é: quanto tempo pode durar o tratamento? O critério da Associação Americana de Psiquiatria para tratamento de quadros depressivos (associados ou não à dor crônica) o tratamento deve ser de um ano para o primeiro episódio e o resto da vida para episódios subsequentes.

 

Autor: Dr. Moyses Aron Gotfryd

Médico Psiquiatra CRMSP 15704 RQE 32.200

Dr. Alberto Gotfryd

Dr. Alberto Gotfryd é médico brasileiro referência em cirurgia de coluna vertebral. No âmbito acadêmico, possui Mestrado (2008), Doutorado (2012) e Pós Doutorado (2016) pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. É autor de mais de 45 publicações científicas em revistas médicas indexadas, escreveu capítulos de livros e ministrou mais de 130 aulas em congressos científicos no Brasil e no exterior.

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