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Degeneração discal: envelhecimento do disco da coluna

Degeneração discal pode ocorrer em qualquer fase da vida, embora seja mais comum após a quinta década. É um processo bioquímico e físico que muda a consistência e a resistência do disco intervertebral, podendo gerar instabilidade mecânica, dor ou compressões nervosas.

Os discos intervertebrais são peças de cartilagem, colágeno, proteoglicanos e água, que servem como amortecedores naturais da coluna, além de conferirem mobilidade à mesma. Ao longo da vida, é esperado desgaste dos discos, que é acompanhado de desidratação (perda de conteúdo líquido) do núcleo pulposo (parte central do disco). Como consequência, o disco se torna menos elástico e resistente, pode perder altura e deformar (surgimento de abaulamentos discais).

Por fim o ânulo fibroso se rompe (fissura discal) e o conteúdo central é expelido (hérnia de disco). Esse processo explica, de forma resumida, como ocorre a discopatia degenerativa. Nem todos os discos passarão por todas essas etapas de degeneração, mas o processo é frequente na população geral.

 

O disco intervertebral é composto por núcleo pulposo e ânulo fibroso. O ânulo fibroso é a parte externa do disco e o núcleo pulposo do disco intervertebral, a interna.

 

Por que o disco envelhece?

Com o passar dos anos, a estrutura dos discos se modifica em consequência de fatores genéticos e comportamentais (hábitos de vida, atividades físicas, peso corporal, uso de tabaco). Os fatores genéticos não são passíveis de mudança, ao contrário da grande maioria dos fatores comportamentais.

“Após os 50 anos de idade, aproximadamente 90% dos indivíduos assintomáticos terão degeneração discal em exame de ressonância magnética.”


Veja também

Etapas da degeneração discal

Existem 3 fases bem definidas na degeneração discal, sendo elas:

  1. Disfunção: fase inflamatória inicial, que cura com dor nas costas devido a processo inflamatório local. Idade mais frequente: 20 a 40 anos.
  2. Instabilidade: desorganização das fibras discais e mudança nas facetas articulares provocam mobilidade desorganizada da coluna. Idade mais frequente: 40 a 60 anos.
  3. Estabilidade: fase final da cascata degenerativa, com formação de osteófitos (bicos de papagaio) entre as vértebras, além do achatamento discal, que promovem perda de movimento entre as vértebras. Idade mais frequente: após 60 anos.

Sintomas clínicos

Os sintomas variam de acordo com a fase da cascata degenerativa na qual o indivíduo se encontra. Inicialmente ocorre dor lombar de padrão inflamatório, aguda ou subaguda, com espasmos e contratura muscular. Podem acontecer deformidades da coluna tipo escoliose antálgica (ou seja, causada como defesa da dor).

Na fase de instabilidade, a dor se torna crônica e nitidamente piora com certos movimentos, como na mudança súbita de direção ou mesmo em movimentos simples de se virar na cama. Na fase final em indivíduos mais velhos pode haver estreitamento do canal vertebral (estenose degenerativa) e sintomas de compressão neural.

Em qualquer dessas etapas podem ocorrer hérnia de disco (deslocamento do núcleo pulposo) e consequente compressão de raízes nervosas, provocando dor ciática e sintomas neurológicos como choque, formigamento e perda de força.

Diagnóstico

Exames de imagem são capazes de mostrar envelhecimento dos discos e da coluna. Doença degenerativa do disco pode ser vista em radiografias simples, pela presença de achatamento do espaço discal, bem como formação de osteófitos (bicos de papagaio). Além disso, ressonância magnética pode ser necessária para evidenciar compressão de nervos e processo inflamatório dos discos e articulações.

Exame de ressonância magnética da coluna lombossacra. Mas setas amarela é possível identificar fissura do disco intervertebral, que aparece como pequena mancha branca. O disco está enegrecido pois houve desidratação (perda de líquido) da sua porção central.


Tratamentos para degeneração discal

Os tratamentos para a doença degenerativa do disco dependem dos sintomas. Medidas conservadoras medicamentosas e físicas são utilizadas para controle da dor e, após isso, estabilidade muscular e melhor controle do tronco. Tratamento cirúrgico é reservado para casos de instabilidade mecânica significativa ou compressão neural, refratárias a tratamentos conservadores. Para essa finalidade pode ser indicada cirurgia minimamente invasiva da coluna.

Saiba mais

 

Dr. Alberto Gotfryd

Dr. Alberto Gotfryd é médico brasileiro referência em cirurgia de coluna vertebral. No âmbito acadêmico, possui Mestrado (2008), Doutorado (2012) e Pós Doutorado (2016) pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. É autor de mais de 45 publicações científicas em revistas médicas indexadas, escreveu capítulos de livros e ministrou mais de 130 aulas em congressos científicos no Brasil e no exterior.

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  • Gostei muito de suas explicações ,tirou muitas das minhas dúvidas gostaria de marcar uma consulta mas, atendendo o convênio AMIL S80

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